S. Bento sabia aquilo que nós esquecemos
O mundo está a mudar — e não, não se trata apenas de mais uma viragem cíclica que os manuais de história registam com placidez. A mudança que hoje atravessamos tem um carácter mais fundo, mais sistemático, mais estrutural. As palavras que outrora reservávamos para os declínios do passado — decadência, colapso, crepúsculo — regressam ao vocabulário comum. Falamos em geração ansiosa, em infantilização da humanidade, em crise das democracias, em caos e deriva cultural.
Não é a primeira vez que acontece. S. Bento viveu num tempo semelhante. O império romano do ocidente tinha caído. Fluxos migratórios sem precedentes reconfiguravam o território. A atual Itália, lugar onde nascera, era assaltada por grandes vagas militares. E, mesmo na Igreja, grandes tensões levariam ao corte entre Roma e Bizâncio.
Na altura, o seu papel foi fundamental. Bento acabaria por propor um modelo que, na ocasião, estabilizou a sociedade e que, mais tarde, deu origem à Europa como hoje a entendemos.
Tanto é assim que a sua influência não é apenas histórica. É estrutural. E sobrevive, de forma quase invisível, no modo como nos........
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