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Porque é que Francisco não será Santo Subito? 

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26.04.2025

Está prestes a cair uma das teorias que mais caminho fez na bolha mediática. Durante vários meses e anos, o Papa Francisco foi apresentado como um Papa da rutura, intelectual e politicamente frágil. Um homem sobretudo pastoral, nas palavras de muitos. A constatação disso mesmo, dizia-se, ia acontecer no funeral. As comparações com João Paulo II eram o exemplo de bandeira. Nunca, anunciavam alguns, Francisco terá uma manifestação de carinho e de respeito como acontecera com o Papa polaco. Ora, a menos de 24 horas das exéquias de Jorge Mario Bergoglio, tudo isso caiu por terra.

1.Um dos aspetos que se salientava estava ligado à representação política durante a celebração. Afirmava-se, perentoriamente, que Francisco não teria líderes mundiais de peso ou, pelo menos, tão significativamente distintos das suas posições. A frontalidade do Papa tinha criado tensões irreconciliáveis, nas perspetivas de alguns, e houve quem falasse do pontificado de Francisco como um falhanço geopolítico. Ora, a presença de Donald Trump no Vaticano, este sábado, é um sinal claro de que isso não é bem assim. Aliás, a presença do presidente americano no funeral do Papa argentino é de sobremaneira significativa, e não pode deixar de ser interpretada como a assunção, por parte de Trump, de que, na realidade, há um estilo de poder que não é lhe está acessível. Afinal, o Papa não é um cachorro a quem ele possa ladrar no meio da sala oval. Políticos e partidos esgotam-se em campanhas eleitorais, em tentativas de conquistar o eleitorado, vivem sempre com a sobrevivência política por um fio. O Papa é reconhecido e acarinhado, aplaudido e escutado, sem precisar de nada disso.
Há aqui uma nuance a ser feita. Há quem considere que esta tradição política do papado é uma traição à missão essencial da Igreja. Ora, é importante sermos realistas e pragmáticos. O Papa não é um líder político, mas sem um papel no campo das relações internacionais, sem o recurso à diplomacia, o poder do seu “exemplo” e da sua “palavra” é uma câmara de eco. Até sob pena de os católicos, dispersos em todas as partes do mundo, não........

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