Leão XIV, a teoria e a praxis da fé
O lema do Papa Leão XIV – “In illo uno, unum”, isto é, “muitos são um só no único” – é o programa do seu pontificado: refazer, em Cristo, a unidade da Igreja.
Foi precisamente sobre a unidade que o Monsenhor Martin Grichting, escreveu um interessante artigo, publicado na Infovaticana a 7-5-2025, e que aqui se transcreve na íntegra, em forma de entrevista. Este texto é, como é óbvio, da exclusiva responsabilidade do seu autor, com excepção das perguntas e das notas entre parêntesis rectos.
Martin Grichting nasceu em Zurich, em 1967, estudou filosofia, teologia e direito canónico em Fulda, Munique e Roma. Ordenado sacerdote na Suíça, em 1992, frequentou a Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, e doutorou-se na Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma. Foi pároco, vigário episcopal e vigário geral da diocese de Chur, na Suíça. É prelado doméstico de Sua Santidade, consultor do Dicastério para o Clero e membro da Comissão Igreja-Estado da Conferência Episcopal da Suíça.
– Há quem diga que o Concílio Vaticano II dividiu a Igreja …
– “O Concílio Vaticano II (1962-1965) polarizou a Igreja católica. Para alguns, esta assembleia episcopal marca o ponto de partida para a criação de uma nova Igreja, que segue, no seu conteúdo, o espírito da época pós-cristã. Para outros, a Igreja está vinculada aos textos do Concílio, que devem ser aplicados em conformidade com a doutrina da fé eclesial transmitida [ou seja, a tradição].”
– Em que sentido a unidade foi preservada pelos últimos pontífices?
– “João Paulo II e Bento XVI, como representantes da continuidade, não conseguiram superar as divisões surgidas [no pós-concílio]. Francisco, como contraponto aos seus predecessores, aprofundou ainda mais as divisões. Isto deve-se a que, por via de alterações no âmbito da fé, fomentou a oposição de sectores consideráveis da Igreja, sobretudo na Europa do Leste, nos Estados Unidos e em África. No entanto, como jesuíta inteligente que era, evitou revogar a doutrina vigente de uma forma directa pois, se o tivesse feito, teria provocado uma ruptura declarada [ou seja, um cisma].”
– Mas, não lhe parece que o Papa deve adaptar a fé aos novos tempos?
– “Os programas dos partidos políticos são meramente humanos e, por isso, podem dizer o que quiserem. Com a fé cristã é........© Observador
