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Seguro, o anti-sistema

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24.09.2025

João Miguel Tavares escreveu recentemente que toda a gente usa a palavra “sistema” sem a definir, e que mesmo André Ventura — o seu mais fervoroso adversário — nunca se deu ao trabalho de explicar o que quer destruir. Começo por concordar: é verdade que muitos usam “sistema” como se usavam os demónios no século XIII: um ente abstrato que justifica tudo o que falha. Também é verdade que se abusa da ideia de “anti-sistema” como escada para subir sem nunca dizer para onde se vai. Mas o problema não é esse. O problema é que o sistema existe mesmo. Não são as regras formais da democracia que parecem estar em causa, pelo menos nalguns casos. Há partidos que, de forma mais ou menos aberta, preconizam mudanças radicais na construção constitucional, o que não é anti-democrático; como há partidos que nunca se inibiram de recuperar os velhinhos truques do terrorismo político com o intuito expresso de destruir aquilo a que chamam, ainda hoje, de democracia burguesa, o que pode ser problemático, embora continuem a beneficiar da placidez contemplativo-romântica do jornalismo e da cultura do sistema. O sistema tornou-se, e essa percepção vem sendo cada vez maior, aquilo que se rejeita. E ele existe, de facto, como um polvo mais ou menos oculto, uma cultura visível, uma prática instalada, um hábito enraizado de proteger os mesmos e catapultar todos os que se lhe rendem e prestam vassalagem.

O sistema não é, ao contrário do que afirmou Marques Mendes, a ética na vida pública. É, entre outras coisas,........

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