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Pais e coveiros

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12.03.2025

O caso começou por ser absurdo, e apenas empolado pela necessidade sentida por André Ventura de se ver mediaticamente livre de uma série de problemas, com as acusações algo estapafúrdias de que Luís Montenegro, Primeiro-ministro, seria detentor de uma empresa que, por sua vez, era proprietária de património imobiliário que poderia ser beneficiado pelas alterações introduzidas ao RJIGT (a que a comunicação social, por preguiça ou ignorância, continua a chamar “Lei dos Solos”). Na verdade, a oposição e o Governo tinham embarcado na alucinação de achar que aquela alteração legislativa viria a ter algum impacto significativo no preço do imobiliário (o Governo porque vendia a narrativa de que tinha inventado a solução para aumentar a oferta habitacional; a oposição à esquerda porque, lunaticamente, achou que estava ali um mecanismo de favorecimento da “especulação imobiliária”). O Primeiro-ministro deu as explicações que entendeu dar, e elas pareceram convincentes, salvo o ligeiro detalhe de ter cedido as quotas da sociedade à sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, o que me pareceu, na altura, um descuido algo inexplicável, mas ainda assim um descuido.

Depois o Expresso soltou a notícia de que, afinal, a tal empresa do Primeiro-ministro, embora detida pela sua mulher, continuava a receber avenças de privados, ou seja, que o Primeiro-ministro, no exercício de funções, era pago por empresas com interesses com o Estado. Aqui no Observador soube-se, ainda, que a tal empresa fora paga por um baronete local do PSD para desenvolver trabalhos que, no fim de contas, eram afinal desenvolvidos pela própria nora do tal baronete, contratada pela empresa do Primeiro-ministro. Tudo isto é uma trapalhada sem explicações plausíveis, porque, em bom rigor, não há nada que o possa explicar.

Um........

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