O peso da Imigração: afinal, quem paga a conta?
Andamos a falar ideologicamente de imigração há meses. Parece que – como em todos os assuntos em 2025 — metade do país está à esquerda a defender mais imigrantes e as suas contribuições (ignorando os seus gastos), enquanto a outra metade os culpa por todos os problemas do país (ignorando os seus efeitos positivos). Afinal quem tem razão?
O relatório da Comissão Europeia, publicado pelo Joint Research Centre, rompe com mitos da esquerda romântica e da direita populista. Vamos a factos.
Este estudo avaliou a contribuição fiscal líquida – diferença entre impostos pagos e benefícios recebidos – entre 3 grupos: nativos, migrantes intra-UE (nascidos noutro país da UE) e migrantes extra-UE (nascidos num país fora da UE).
Apoiado na dupla de modelos econométricos EUROMOD e CEPAM-Mic, o estudo oferece-nos um retrato rigoroso e incómodo: a sustentabilidade fiscal dos Estados europeus está em causa, e os imigrantes têm um papel ambíguo, mas crucial.
Ao dia de hoje, os cidadãos nativos da UE são contribuintes líquidos, ou seja, pagam mais impostos do que aquilo que recebem. Porém, em 2035, essa tendência inverter-se-á. Devido ao envelhecimento demográfico, estes contribuintes passarão a ser beneficiários líquidos (pensões e apoios), com um saldo médio negativo.
No futuro, os migrantes de países intra-UE manter-se-ão como contribuintes líquidos, enquanto os de fora da UE passarão também a ser beneficiários, embora em menor grau (envelhecimento dessa população).
Contrariando soluções simplistas, o estudo esclarece que não basta receber mais migrantes pois o aumento do fluxo por si só, gera apenas ganhos fiscais marginais e acarreta despesas relevantes. Só a integração plena (entendida como acesso ao mercado de trabalho em condições equivalentes aos nativos) permite ganhos significativos. Com........
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