Moralistas e a Ruína do Debate Público
O tempo do debate político morreu. A política já não é debate, mas espetáculo. Já não é confronto de ideias, mas competição de indignações. A sequência de reacções recentes em torno do assassinato de Charlie Kirk é apenas mais um sintoma da doença.
Pode-se gostar ou detestar o que Kirk dizia, não é relevante. Pode-se rebater com argumentos ou demolir com factos, mas acusá-lo de ser um perigoso radical apenas porque ousa entrar em cena com vontade de discutir é uma fraude intelectual. Pior ainda: é aplaudida.
O que me choca não são os comunicados oficiais, quase sempre muito polidos e politicamente correctos, mas as reações do público e dos comentadores (pseudo comentadores profissionais?). O coro moralista, sempre pronto a erguer a voz contra os “inaceitáveis”, encena virtude e distribui certificados de respeitabilidade e moral. Metade das acusações não resiste a uma verificação mínima, mas isso parece pouco importar. O que vale é o aplauso fácil, o gesto de pertença, o agitar da bandeira, aquela história de instagram e aquele comentário que enche a peitaça de vaidade de quem se mostra “do lado certo da história”.
E aqui, aqui reside o perigo. Esta esquerda que se refugia em tribunais morais não prepara a ascensão de moderados, mas o caminho da autocracia. Parece-me que hoje estes “progressistas” vivem na fantasia de um mundo por si idealizado, mas que não corresponde minimamente à realidade. Quando confrontados, recorrem apenas à violência como forma de estar.
Quando se transformam adversários em inimigos públicos, quando se........
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