Muito se fala nos dias que correm no fenómeno do Workaholic. Como se sabe, o termo designa alguém que se encontra sob uma pulsão incontrolável para trabalhar incessantemente, à semelhança do alcoholic em relação ao álcool. Apesar de existirem vários aspectos em causa nesta pulsão, gostaria de me prender, por motivos de economia de espaço, essencialmente em tentar desvendar o fim para qual esta pulsão na verdade tende. Ora, a tese central que se pretende apresentar é como o Workaholic não está viciado no trabalho em si, mas antes numa espécie de “conforto existencial”.

De facto, se analisarmos a maior parte dos Workaholics, verificaremos que o que está em causa no seu vício não tem nada que ver com um gosto fora da média pelo trabalho. Quer dizer, exactamente do mesmo modo que o móbil de um alcoólico não é um gosto excepcional por álcool em si. No caso do álcool, o mais das vezes, o móbil decisivo tem que ver com uma tentativa de evasão da realidade, que de algum modo se manifestou como insuportável. O que o alcoólico encontrou, no álcool, foi, então, precisamente isso mesmo: uma “anestesia existencial” que torna, em diferentes graus, a realidade mais sofrível. Não por a ter alterado de algum modo, erradicando aquilo que o empurrou para a bebida, mas por se ter tornado entorpecido em relação a esta.

Apesar das suas semelhanças formais, o caso do Workaholic difere. Ou seja, apesar de se verificar uma evasão da realidade através de um “mecanismo de defesa” que o pretende manter vivo numa situação inóspita, no Workaholic a evasão levada a cabo não é conseguida por um adormecimento de carácter físico. O que o Workaholic encontra no trabalho é um critério objectivo de medição de si mesmo. Pelo trabalho que realiza, consegue medir o seu valor objectivamente; e consequentemente interpessoalmente. Como se sabe, hoje em dia, a tese regente é que o homem é aquilo que produz.

Neste sentido, se tive um dia de trabalho produtivo – ou, por outras palavras, se produzi muito, se realizei........

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