A culpa é do árbitro
A forma como muita gente à direita reagiu à decisão do Tribunal Constitucional sobre a Lei de Estrangeiros é bem reveladora de uma certa dificuldade em lidar com contrariedades próprias de uma democracia madura, necessariamente imperfeita, mas onde os pesos e contrapesos desempenham um papel fundamental. Os mesmos heroicos juízes que há um par de meses chumbaram pela terceira vez a despenalização da morte assistida são agora uns pérfidos vilões que, nas palavras imortais de João Almeida (CDS), querem “dar à esquerda a maioria que o povo lhe tirou”.
Ninguém está acima da crítica e do escrutínio. Ninguém mesmo: jornalistas, corporações e órgãos de soberania. Nem sequer o sacrossanto Ministério Público. Por isso mesmo, a decisão da maioria dos juízes do Palácio Ratton e os argumentos utilizados para a sustentar podem, devem e merecem ser discutidos. O que não deve acontecer, como o apocalíptico João Almeida tentou sugerir, é que sempre que as decisões não são do nosso agrado lá venha a conversa sobre o enquistamento ideológico do Tribunal Constitucional. Fazê-lo é dar mostras de imaturidade política.
Ainda em abril,........
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