Ventura vai de derrota em derrota até à vitória final?
Na primeira volta das eleições presidenciais de 1986, que entraram para o imaginário do regime como uma espécie de recriação política de uma batalha entre as famílias Stark e Lannister, a esquerda estava ruidosamente dividida. Mário Soares, Salgado Zenha e Maria de Lurdes Pintasilgo tiveram de lutar entre si, sem tréguas nem misericórdia, pelo espaço de todos aqueles que queriam desesperadamente evitar que Diogo Freitas do Amaral chegasse à Presidência da República. Não estava em causa apenas uma distribuição aritmética dos votos para escolher qual seria o adversário final da direita — ali, decidiu-se se a esquerda dos anos seguintes em Portugal seria “moderada” (com Soares), “eanista” (com Zenha) ou “basista” (com Pintasilgo). Olhando agora para trás, tendo nós a vantagem de conhecer a História, o resultado final parece evidente. Mas, na época, não era nada evidente — qualquer coisa poderia acontecer. O que aconteceu foi isto: na noite da primeira volta, Maria de Lurdes........
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