Somos muito corruptos. Ou talvez não
Temos de ser capazes de levar até ao fim uma autocrítica. E a verdade é esta: às vezes, neste país, fazemos todos figuras ridículas. Andamos há anos a levar a sério o autointitulado Índice de Perceção da Corrupção, elaborado pela Transparência Internacional, mas esta semana exagerámos — com a divulgação da edição mais recente desse ranking, entrámos em hiperventilação política. O núcleo nativo da organização informou-nos, acendendo várias luzes de alerta, que “o desempenho de Portugal foi um dos piores da Europa Ocidental, com uma queda de 4 pontos na pontuação e a perda de 9 posições no ranking global”. Arrepiem-se: “Este é o pior resultado desde que o índice começou a ser publicado em 2012 e reflete um declínio contínuo desde 2015.” Perante isto, até o Presidente da República se inquietou. Sentindo palpitações, Marcelo Rebelo de Sousa comunicou à pátria que esta evolução “é preocupante”.
Percebe-se que os políticos se ponham em sentido, metafórica e literalmente. Afinal, este Índice de Perceção da Corrupção apresenta-se como um ranking que avalia 180 países e a Transparência Internacional tem sede em Berlim, o que lhe dá maior respeitabilidade. Ninguém quer fazer........
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