menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Os políticos perigosos que querem controlar as palavras

6 1
09.11.2025

Os políticos mais perigosos que existem são aqueles que querem controlar as palavras. É óbvio: quem controla as palavras, naturalmente, controla o pensamento. Um político ungido com a autoridade de disciplinar e proibir o vocabulário é sempre infinitamente mais poderoso do que outro que possa apenas proibir e disciplinar comportamentos. É a diferença entre mandar no corpo dos outros ou mandar na cabeça dos outros.

Em Espanha, onde a política já cruzou várias vezes a fronteira do absurdo, uma deputada do PSOE com um triste currículo lembrou-se de decretar o policiamento da palavra “cancro”. É extraordinário: todos os socialistas apoiaram esta ideia. É espantoso: a oposição do PP também. Foram 307 votos a favor, 33 contra (do Vox) e 6 abstenções.

Chegámos a isto: a classe política espanhola concorda que é necessário “promover o uso de uma linguagem justa e responsável da palavra cancro” — sendo que, claro, é ela a definir o que se considera “justo” e “responsável”. Pior: a classe política espanhola defende que “é urgente” abandonar a utilização da palavra cancro como “sinónimo de insulto ou........

© Observador