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O plano de paz para o conflito israelo-árabe

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06.10.2025

Sentado, com um telefone na mão, resignado, o gesto de Netanyahu foi exposto como um troféu de Trump. Com o fotógrafo a postos, ficou registado o momento em que o Primeiro-Ministro israelita se desculpava ao Primeiro Ministro Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani do Qatar. Não foi uma cena habitual entre inimigos indisfarçados.

O Qatar não se juntou aos Acordos de Abraão de 2020. É desde há muitos anos o mais fiel financiador do Hamas em todas as suas actividades. Em todo este tempo com o seu canal Al-Jazeera comanda a operação de propaganda incessante pró-Hamas e anti Israel. Estende a sua esfera de influência nas organizações internacionais e junto dos governos estrangeiros com rios de dinheiro para adoçar o dente de políticos fracos e de altos-funcionários corruptos. E abriga as lideranças do Hamas nos luxuosos hotéis de Doha.

No dia 9 de Setembro, as forças armadas israelitas dirigiram um ataque cirúrgico no coração da capital do Qatar com vista a aniquilar o que restava da liderança do Hamas, reunida num local do complexo governamental. Agora que o Qatar, que já fora atacado pelo Irão durante os dias da operação americana e israelita contra os iranianos, assumia um papel-chave de mediação, formulação, pressão e financiamento para o mais ambicioso plano de paz para o conflito Israelo-árabe desde há muito, exigia a cabeça do orgulho israelita. Para Trump era um preço perfeitamente razoável a pagar. Afinal de contas, um aliado americano violara directamente a soberania e os requisitos primários de segurança interna de um outro aliado americano. Além disso, e ao contrário do que tantas vezes se lê na imprensa portuguesa, desde o seu primeiro mandato Trump teve sempre uma relação difícil com Netanyahu, considerando-o um obstáculo irritante na conclusão dos Acordos de Abraão, por exemplo. Por isso, não deve ter sido pouca a satisfação com que encenou um feito que o prestigiaria junto dos seus aliados árabes na região e faria baixar a crista ao PM israelita no longo caminho que agora........

© Observador