Uma tragédia na terra de ninguém
Mais um fim-de-semana com vários serviços de urgência encerrados, de obstetrícia, ginecologia ou pediatria e mais um caso trágico a juntar aos anteriores. Este flagelo tornou-se tão frequente que já não gera indignação. Quase ao mesmo tempo ouvimos dirigentes sindicais afirmar que é necessário valorizar as carreiras, ou seja, “pagar mais”, e que essa valorização é o único caminho possível para ultrapassar esta situação. Sem esquecer o facto de Portugal ser um país de salários baixos, como resultado do pouco vigor da sua economia, existem mais problemas debaixo do céu do que aqueles de que falam sindicalistas e bastonários.
Ana Rita Cavaco afirmou num artigo aqui no Observador que por detrás de uma boa parte deste problema está o medo que todos os governos têm dos médicos. Dá um exemplo muito atual, e que deveria suscitar, como diz um comentário de um seu leitor, “um sobressalto cívico”: “As urgências obstétricas encerram com dois médicos lá dentro e a equipa completa de enfermeiros, assistentes operacionais e administrativos” enquanto um número crescente de bebés vai nascendo em ambulâncias às mãos de técnicos de emergência médica. Enquanto mulheres grávidas circulam desesperadamente entre hospitais à procura de ajuda.
Na comunicação social, lado a lado com estas notícias, repete-se à exaustão a existência de pagamentos realizados pelo Serviço Nacional de........
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