O horror ao vazio
Os dias sucedem-se com subidas e descidas significativas nos índices bolsistas de quase todo o mundo. As tarifas aduaneiras estabelecidas, adiadas, excecionadas, ou de novo restabelecidas pela administração americana, acompanhadas pelas retaliações dos países que as sofreram, animam os telejornais e desanimam os atores económicos. Os índices variam como numa montanha-russa, sendo imprevisível o dia de amanhã.
A aplicação de tarifas a produtos importados tem um problema de falta de simetria: se a reação dos parceiros comerciais for a de aplicar tarifas retaliatórias o problema em vez de se amenizar, agrava-se cada vez mais. As tecnológicas americanas, que são o alvo óbvio e fácil da retaliação, sofreram uma queda significativa de valor e, mesmo a Tesla não sairá ilesa da crise das tarifas, como consequência da mistura pouco cautelosa entre empresas e política, e da dependência numa cadeia de produção globalizada.
As decisões da administração americana assentam em eleições democráticas e, independentemente das sondagens que indicam alguma desilusão, correspondem a uma estratégia sufragada pelos eleitores americanos que, adotando a ótica de alguns pensadores conservadores, procura obrigar a que o investimento e a produção de bens e serviços se faça essencialmente dentro de portas,........
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