A oportunidade que não devemos desejar
Dizia-se com demasiada frequência que a América inova, a China copia e a Europa regula. Esse tempo já acabou. A China ultrapassou já os Estados Unidos na produção científica de alto impacto e espero que não tenha passado despercebida a extraordinária entrevista do Diretor Executivo da Ford que declarou estar a fazer o que poderíamos apelidar de “retro-engenharia” de automóveis comercializados por grandes empresas chinesas, para aprender com eles são feitos.
Inverter a atual situação e voltar à liderança científica e tecnológica do “mundo ocidental”, não parece realista. Fareed Zakaria, num artigo publicado no Washington Post a 25 de Abril, lembrava que nas primeiras décadas do século XX, trinta por cento dos Prémios Nobel em Ciência eram alemães e vinte por cento ingleses quando os Estados Unidos contavam apenas com cerca de seis por cento. A meio do século passado a situação alterou-se substancialmente com a migração de judeus do centro da Europa, por razões sobejamente conhecidas, muitos deles reforçando as universidades americanas e permitindo-lhes alcançar a liderança mundial. E não estamos só a falar de cientistas excecionais como Einstein, Schrödinger, Max Born, ou Enrico Fermi. Estamos a falar de milhares de investigadores e académicos provenientes da Europa continental e que atravessaram o Atlântico para não mais voltar. A partir dos anos cinquenta os Estados Unidos passaram a assumir, com essa contribuição, a liderança dos nobelizados em ciência. A Alemanha nunca........
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