Estado exausto, Política falida
O nosso país vive há década, num estado de constante adiamento. São adiadas reformas estruturais, decisões fáceis, o confronto com a verdade e com o povo. Em nome da estabilidade, mantemos a inércia; em nome do progresso, celebramos a mediocridade. O Estado é lento, dispendioso e disfuncional. O sistema político está exaurido, fechado em si mesmo, desligado do mundo real. E os cidadãos, cada vez mais, sentem que a política é apenas um jogo de bastidores e prevalência de interesses.
Neste contexto, assistiu-se à decisão da Associação Comercial do Porto de promover dois estudos estruturais sobre a reforma do Estado e também do sistema político coordenados pelo Doutor Pedro Passos Coelho e pelo Doutor Sérgio Sousa Pinto e que não pode ser vista como apenas mais uma iniciativa de cariz académico. É uma ambiciosa e esperançosa tentativa de levar o país a sério. De pôr na mesa, temas que ninguém quer tocar. De sacudir a inércia que se instalou.
Devemos reformar o Estado não só para sermos competitivos mas também para regenerarmos a política não desejando ficar à mercê de populismos ou demagogias baratas. Neste caso, não existe uma terceira via. E talvez esta seja a maior oportunidade de fazer acontecer nos últimos anos 50 anos, antes que a apatia se torne irreversível.
Um Estado cansado de si mesmo
O Estado português é simultaneamente omnipresente e impotente. Está em todo o lado — a regular, a controlar, a intervir — mas raramente resolve o que deve. A burocracia devora tempo e energia. Os serviços públicos estão saturados. A descentralização é mais discurso do que prática. A inovação interna é bloqueada por uma cultura de medo, rotina e ausência de avaliação.
Este Estado é herdeiro........
© Observador
