2025: A Última Chamada para a Direita Portuguesa?
Pela primeira vez desde o 25 de Abril, o país parece estar disposto a confiar novamente no campo político que com o peso da história nacional, era e ainda é muitas vezes ostracizado e acusado de ausência de alma, frieza ou até falta de sensibilidade social. Contudo, essa confiança esbarra na fragmentação profunda do espaço à direita do Partido Socialista quer em expressões ideológicas que, embora sejam todas legítimas, parecem mais interessadas em apontar o dedo a comportamentos, declarações ou ações no espaço político demarcando essas fronteiras internas do que em assumir um projeto comum. Esta diferença entre Esquerda e Direita tem sido uma constante nos últimos anos: a primeira une-se para governar; a segunda, para se afastar mutuamente. A fragmentação da Direita, no meu entender, é hoje talvez o maior entrave ao verdadeiro exercício de poder pela Direita legitimado pelas urnas. É por isto que urge discutir com honestidade intelectual e coragem política a hipótese de uma aliança alargada e pragmática que una as direitas em Portugal- desde o reformismo moderado da AD, o liberalismo da IL até ao securitarismo identitário, nacionalista e conservador do CHEGA- sob um mesmo propósito de governação e reforma profunda do nosso país.
Não nos iludamos pois, todos sabemos que esta união não é simples nem isenta de tensões. A presença do CHEGA, partido com uma retórica destrutiva e um posicionamento ideológico mais agressivo em vários assuntos, continua a dividir a opinião pública assim como o espaço do centro-direita português. A Iniciativa Liberal, veja-se, sempre rejeitou qualquer associação que pudesse beliscar a sua imagem de racionalidade e modernidade institucional. Já a Aliança Democrática, constituída por PSD e CDS também já rejeitou qualquer possbilidade de associação apesar de oscilar entre um discurso moderado e a pressão da sua ala direita para assumir posturas mais firmes, mais combativas, mais próximas da realidade dos cidadãos que vivem com dificuldades reais e clamam por reformas estruturais.
Contudo, importa perceber que esta fragmentação não decorre apenas de egos ou até rivalidades entre lideranças. Existem, de facto, divergências profundas quanto à visão de país, governação e até ao próprio entendimento da democracia liberal. A Iniciativa Liberal coloca a tónica numa liberdade económica absoluta, na redução radical do peso do Estado e na racionalização do sistema político. Já o CHEGA assume um discurso de rutura, muitas vezes sendo polarizador, centrado na autoridade do Estado, na justiça penal e numa ideia de identidade nacional baseada na ordem e nos valores tradicionais. A AD, por sua vez, posiciona-se........
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