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Quo vadis, Alentejo? - A dicotomia entre tradição e escala

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09.08.2025

No coração do Alentejo, ao longo dos seus horizontes largos, planícies infindáveis e sol ardente, trava-se uma revolução silenciosa, que opõe a extensiva arte da tradição à precisão tecnológica da modernidade. As mudanças no agronegócio transformam a paisagem, a economia e a identidade de uma das regiões mais simbólicas de Portugal. Mas a que custo cresce este novo modelo de gestão agrícola? Que contrastes, desafios e encruzilhadas são estes de um Alentejo que, cada vez mais, produz para fora… e segue interrogando o que ainda lhe pertence?

Nas últimas décadas, a região transformou-se num polo estratégico do agronegócio português e internacional, alicerçado em setores como o olival, o amendoal, a vinha, a cortiça e a produção animal. Não podemos ainda esquecer o crescimento notável do agroturismo, que vem atribuindo à paisagem um estatuto quase terapêutico, como se oferecesse alento às almas exaustas.

Contudo, esta evolução esconde contrastes profundos entre dois mundos que coexistem: Por um lado, o das grandes empresas agroindustriais, maioritariamente controladas por grupos económicos nacionais e estrangeiros; do outro, pequenas e médias explorações, muitas de natureza familiar.

As grandes empresas trouxeram consigo inovação, mecanização, acesso a mercados internacionais e capacidade de investimento em tecnologias que aumentam o rendimento produtivo. No olival e na vinha, por exemplo, a escala permite uma irrigação eficiente, certificações de qualidade, marketing sofisticado e ganhos de produtividade que colocam........

© Observador