Notas políticas (e um livro muito recomendável)
1 Fala-se menos do que se devia. É a tal coisa, a media às vezes é como a Torre de Pisa: inclinada há séculos para o mesmo lado.
E no entanto, com ou sem media, o candidato presidencial Luís Marques Mendes vai levando, com ritmo próprio e experiência adquirida, a água ao seu moinho. Só não vê quem não quer. Sabendo bem o que vale a surpresa como argumento ou munição política, usou-as bem com a escolha do mediático Eduardo Barroso para seu mandatário em Lisboa. Bem achado e bem jogado pelo candidato num percurso pensado, criterioso, paciente e sobretudo determinadíssimo. Os que não desistem também sabem que a determinação e o critério são outras munições: os sítios onde devem ir , quem devem ver, as plateias que escolhem; os encontros temáticos que produzem”. Ou as sessões que organizam para orientar a circulação por entre aquilo em que a geopolítica transformou hoje os nossos dias.
O menu habitual de um candidato? Mais do que isso, evidentemente, mas saber percorrer etapas e rituais e fazê-lo num “parcours sans faute” é certamente meio caminho andado. A outra metade já não é com Marques Mendes, é com os portugueses: despertos, cativados ou interpelados pela primeira metade.
Significa isto o quê? Significa que há uma candidatura que vai avançando com passo seguro, enquanto se está sempre – ou quase – a falar das outras.
2 É imprescindível saber tomar a medida da História, perceber o que ela nos quer dizer, ler-nos através dela.
O estado do PS inquieta. Está há tempo demais numa concha de (suposta) paz, (suposta) unidade, recusando tomar o pulso a si mesmo, olhar para dentro, perceber onde errou, como, porquê, com quem. Isso : onde, como, porquê, com quem. E tirar daí, avisos e consequências.
Já se sabe que também contam as causas externas e não as menorizo: a amplitude planetária das correntes populistas, o seu quase demencial aumento, a consequente fragmentação à esquerda, explicam muita coisa. Mas certamente não elucidam sobre a totalidade da saúde do PS, cujo resultado – decadência? – está à vista: o partido – quase sem militantes, nem eleitores, e com estruturas dirigentes quase irrelevantes de tão pouco tidas em conta – está coberto pelo ranço do........
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