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Autoridade: qual?

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1 Com alta voltagem e baixo nível, o debate público que se faz nos écrans em torno dos candidatos presidenciais ou a propósito deles decorre praticamente capturado: não pelo que eles pensam ou propõem, mas por uma espécie de, como dizer, “preferência” da media em se ocupar prioritariamente dos casos do dia e da espuma que deles escorre. Sobretudo e prioritariamente, numa permanente, premente e urgente necessidade de se centrar no Chega: “heroicizando” naturalmente Ventura – e ainda mais se se tratar de o “desfazer” cívica e politicamente. O que em nada se confunde com substância ou sequer com escrutínio mas que é tudo o que André Ventura quer. O líder do Chega agradece e soma mais votos e maior relevância mediática à já inexplicável relevância que a media lhe ofereceu (grátis) nos últimos anos.

Quando alguém um dia fizer a história da responsabilidade da comunicação social no crescimento do partido, talvez fique claro, para memória futura, que uma coisa – a obsessiva presença mediática do Chega – foi directamente proporcional à outra: o seu espantoso crescimento e não menos espantosa implementação. Obviamente que não foi só isso – seria leviano e até imbecil pensá-lo –, mas sem o persistente, permanente empurrão da “pantalha” nunca o partido de André Ventura teria crescido assim, nem tão depressa (e é secundário se o empurrão foi tóxico ou jocoso, persecutório ou violento: existiu).

Último exemplo – o afã e o afinco obsessivos com que têm sido discutidos ad nauseum cartazes e outras ocorrências indigestas. Para quê este exemplo? Para concluir que enquanto no país há quatro candidatos a cumprir uma corrida eleitoral que deve ser seguida com o máximo interesse, nos écrans e manchetes, interpreta-se uma (impossível) realidade paralela.

Critério duvidoso e nenhuma racionalidade. A política convive mal com o primeiro e não sobrevive sem a segunda.

2 Embora pareça contraditório com o que acima escrevi – mas não é – vou também eu evocar Ventura porque o tema da autoridade me parece não despiciendo (e mesmo interessante).

André Ventura reivindica, assume e publicita que é um democrata. Óptimo. Que teve então de suceder de tão forte a um democrata para que não lhe ocorresse a........

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