Padre Manuel Antunes: educação para pensar o mundo
Com impressionante lucidez profética, o Padre Manuel Antunes (PMA) traçou o perfil das gerações contemporâneas, identificando com acerto que a crise reside mais nos adultos do que nos jovens (Franco, 2008, p. 269). Antecipando o surgimento da cultura ”woke” como fenómeno dominante, alertou para os perigos de um “reset” radical à tradição e de uma reinterpretação do passado à luz dos valores contemporâneos. Tal postura, advertia, pode conduzir a uma “descolarização” perigosa, onde se corre o risco de “deitar fora o bebé com a água do banho” (Franco, 2008, p. 281). Em contrapartida, defendia um projecto educativo global, intemporal e centrado na essência do ser humano — na arte de aprender a ser (Franco, 2008, p. 284).
Vivemos numa era marcada pela fragmentação da identidade, pela sobrecarga informacional e por uma pressão constante para obter resultados imediatos. Neste contexto, a juventude vê-se confrontada com enormes desafios, que dificultam o desenvolvimento de um pensamento autónomo e crítico. Torna-se, pois, essencial que a educação promova uma formação integral, capaz de distinguir entre mera informação e verdadeiro conhecimento, e que incentive uma cultura de reflexão, em detrimento da acumulação passiva de dados.
As universidades devem assumir um papel central nesta missão, tornando-se bastiões de um humanismo que articule o saber holístico com o compromisso pela construção de um mundo mais justo, inclusivo e sustentável. O Papa Francisco, com a proposta do Pacto........
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