menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O pós anti-Trump    

8 17
03.07.2025

Na era Trump, muita gente se pergunta: onde está o Partido Democrata? Onde paira a oposição, para lá dos protestos ocasionais e das guerras culturais no Twitter? A verdade é que o partido parece desorientado. Falta-lhe uma estratégia coerente, falta-lhe liderança e, acima de tudo, falta-lhe uma narrativa capaz de voltar a ser relevante para quem vive no mundo real.

O diagnóstico é claro. As derrotas de 2024 confirmaram aquilo que muitos se recusaram a admitir: campanhas baseadas no anti-Trumpismo, no pânico democrático e na obsessão pelas guerras culturais não funcionam. Nunca funcionaram.

Os democratas estão à deriva, mas talvez o inusitado Kentucky mostre o caminho.

Um exemplo disso, e não sem ironia, veio de Nova Iorque, com vitória de Zohran Mamdani sobre Andrew Cuomo nas primárias democratas para mayor de Nova Iorque. Mamdani é parte da ala mais à esquerda do Partido. Fez campanha numa plataforma que, no papel, parecia alinhada com os talking points habituais da esquerda urbana: habitação pública, transporte gratuito, taxação dos ricos. Mas seria um erro pensar que venceu porque é de esquerda. A chave da sua vitória está noutro lado. Fez uma campanha brutalmente concreta, centrada nos problemas que realmente afetam as pessoas: custo de vida, saúde, habitação. Falou uma linguagem que faz sentido para quem tem de pagar renda, comprar comida e sobreviver, enquanto a elite democrata continua entretida com seminários sobre pronomes e privilégios.

É fácil cair na ilusão de que o sucesso da ala esquerda é escalável. Não é. O que é escalável, e essa é a lição, é a fórmula subjacente:........

© Observador