A derrota silenciosa de Putin
A Rússia está a perder o Cáucaso. E não porque tenha sido derrotada, mas porque já não é capaz de o disputar. Enquanto os tanques se arrastam na Ucrânia, o império que Moscovo julgava intocável desintegra-se onde sempre pareceu mais sólido: no seu “estrangeiro próximo”. Longe das manchetes, nas franjas montanhosas da Eurásia, está em curso uma transformação silenciosa, mas talvez mais duradoura do que qualquer avanço ou recuo no Donbass. A guerra de Putin não está apenas a desgastar a Rússia no campo de batalha. Está a corroer os alicerces da sua autoridade imperial onde menos se esperava. E quem for rápido a percebê-lo poderá moldar o equilíbrio geopolítico do pós-guerra.
O que se passa nesta região não é um conflito étnico congelado, nem uma disputa periférica. É a confirmação de que a Rússia já não tem margem para projetar autoridade. A retirada russa tem sido tão gradual quanto inevitável. Em 2020, o Azerbaijão recuperou vastos territórios em Nagorno-Karabakh, que estavam sob controlo arménio há décadas. O cessar-fogo subsequente, mediado pela Rússia, permitiu a entrada de mais de dois mil soldados russos como força de interposição, impedindo que as forças azeris tomassem conta de todo o território. Era um último esforço para preservar influência sem comprometer o apoio à sua aliada histórica, a Arménia. Contudo, em 2023, numa ofensiva relâmpago, Baku aproveitou o foco militar russo na Ucrânia para assumir o controlo total de Nagorno-Karabakh. As tropas russas destacadas na região, privadas de reforços logísticos e de margem de manobra política, nada puderam fazer. A retirada silenciosa dos “peacekeepers” abriu caminho à capitulação das autoridades arménias locais e à deslocação forçada de dezenas de milhares de........





















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