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O terrorismo intelectual da esquerda portuguesa 

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24.03.2025

Quem primeiramente denunciou o terrorismo intelectual da esquerda foi Raymond Aron na França do pós-Segunda Grande Guerra. Se o relermos, os métodos eram semelhantes aos que actualmente pretende usar a esquerda portuguesa, oitenta anos depois. A diferença está em que esta, como não tem o nível intelectual que, apesar de tudo, tinha a francesa, chafurda na insinuação mais torpe, no insulto mais imbecil, na mentira mais ridícula.

O terrorismo intelectual da esquerda consiste em desqualificar o adversário servindo-se para isso da sua caricatura e da instrumentalização da história. Já Marx e Engels o fizeram com Duhring, Proudhon e M. Stirner. O adversário é assimilado às figuras que personificaram o mal e transformado em cúmplice de tudo quanto a história gerou de mais horrível e desumano. A difusão das ideias designadamente através das redes sociais e da pouca imprensa que a esquerda não controla, própria da sociedade pluralista em que vivemos, obrigou-a a adoptar fórmulas aderentes e chocantes a rosnar por matilhas de cães de guarda com acesso televisivo garantido e aos jornais de modo a diabolizar o adversário e até processá-lo judicialmente.

Em suma, a estratégia é simples e é esta; ressuscitam-se as figuras hediondas do ariano nazi, do camisa negra mussoliniano, do falangista espanhol, do colonialista sem escrúpulos e do pide conspirador, juntam-se-lhes as do reacionário empedernido crente no trono e no altar, do abade boçal que já o nosso Camilo ridicularizava, do machão ridículo e acéfalo e do homofóbico e colam-se estes epítetos aos adversários políticos. O objectivo é achincalhá-los de modo a retirar-lhe o direito à palavra e ao contraditório. Temos cá no país vários exemplos disso nos últimos anos. O que importa a liberdade de expressão? O desespero da esquerda justifica todos os atropelos aos direitos individuais.

Bem se sabe que o velho epíteto nazi-fascista e salazarista já não rende o mesmo peixe de há cinquenta anos mas há substitutos mais actuais. Até à repressão soviética da democracia nos países do leste europeu não se podia criticar a antiga União Soviética porque era fazer «o jogo do fascismo». Lembram-se? Em França era o mesmo. No nosso país tal enormidade deu grande resultado logo a seguir ao 25 de Abril. Mas quando a natureza criminosa do comunismo soviético, chinês, coreano, vietnamita e cambojano veio aos poucos ao de cima, cá no país muito mais tarde do que nos outros países europeus, como é habitual, depois do 20.º congresso do PCUS, dos assassinatos políticos em massa, do holodomor ucraniano, da denúncia dos campos de concentração por Soljenitsyne, do espectáculo dessa barbárie que foi a revolução «cultural» maoísta, do genocídio de 30% da população perpetrado pelos khmers vermelhos de Pol Pot e de outros psicopatas como ele e dos boat people em fuga do paraíso........

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