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O PS não voltou. O PS tem um problema

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15.10.2025

1 Após uma “hecatombe” nas legislativas de maio em que passou a ser terceira força política no Parlamento, o PS voltou para ser a “única alternativa” ao PSD. Esta foi a reação de José Luís Carneiro à derrota clara nas autárquicas. Os socialistas lideraram o mapa autárquico durante 16 anos consecutivos e na noite eleitoral em que surpreendentemente perdem essa liderança, o líder do PS festeja o facto de ficar em segundo lugar — e à frente do Chega. Isso diz muito sobre o estado do PS.

Contudo, o pior de tudo é que muitos socialistas ainda não perceberam o risco de entrarem numa espiral descendente — sustentada e irreversível. Não é a existência do PS que está neste momento em jogo — e espero que não venha a estar. É, sim, a oportunidade de o PS ganhar juízo — se quer ter futuro.

Mas antes de irmos ao PS em pormenor, há vários pontos prévios que merecem ser assinalados na análise destas autárquicas de 2025:

2 Falemos do PS a partir do segundo dado mais relevante da vitória do PSD. O partido de Luís Montenegro ganhou Lisboa, Porto, Gaia, Cascais, Braga, Setúbal e apoiou a candidatura de Isaltino Morais. Ou seja, além de ter ganho um total de 136 autarquias que lhe permitiu ganhar as eleições, o PSD ganhou sete do 10 concelhos mais populosos do país.

Nesses sete concelhos teve vitórias mais folgadas (como em Cascais, Oeiras e Vila Nova de Gaia), vitórias claramente tranquilas (como em Lisboa, onde Carlos Moedas ficou no limiar da maioria absoluta) e vitórias mais renhidas (como em Sintra e Braga).

Mas o mais importante é o valor impressionante da totalidade da população que reside nesses sete concelhos: cerca de dois milhões de habitantes. Isto, é, cerca de 1/5 do total da população nacional.

Mais relevante ainda: são concelhos que fazem parte dos círculos eleitorais que elegem mais deputados, 126 deputados no caso. Obviamente que a vitória nesses concelhos não faz automaticamente com que se possa fazer uma extrapolação automática para o resultado de uma legislativas — por exemplo, o PS ganhou o distrito do Porto. Mas é muito relevante a vitória do PSD nesses sete concelhos — até porque traduz uma espécie de onda laranja no voto urbano e suburbano e é legítimo que o Governo de Luís Montenegro leia estes resultados como um apoio do eleitorado à política do Executivo.

Refira-se que Montenegro apostou forte nestas autárquicas: negociando uma baixa de impostos com o Chega e a IL durante o verão, antecipando o Orçamento de Estado e promovendo um novo aumento extraordinário das pensões. É eleitoralismo? É, mas certamente que tal prática não foi inventada por Montenegro — como António Guterres, José Sócrates e António Costa certamente saberão.

3 Acresce a tudo isto outro dado muito relevante. É verdade que o PS conseguiu ganhar nove capitais de distrito (tinha........

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