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Sem chão no Afeganistão

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10.09.2025

Quando os talibãs assinaram o Acordo de Doha com a administração Trump, em 2020, prometeram nunca permitir que o Afeganistão voltasse ao estado fragmentado em que se encontrava no final da década de 90. Após a retirada soviética, em 1989, o mundo declarou missão cumprida e afastou-se, deixando o caminho livre a extremistas armados como os talibãs. Mesmo depois de tomarem o poder, em 1996, o seu domínio era tão frágil que grupos terroristas como a al-Qaeda puderam operar sem entraves. Osama bin Laden não só foi tolerado como acolhido.

Desta vez, garantiam, seria diferente. Mas a promessa soava estranha vinda de um grupo considerado terrorista por muitos países, incluindo Portugal. Além disso, os talibãs não eram uma entidade coesa, mas uma coligação de fações que tinham combatido o governo apoiado pelos EUA. Enquanto se discutia se eram de confiar, ninguém se interrogava se eram sequer capazes de manter a unidade e governar.

A resposta surgiu depressa: dias após o acordo, intensificaram os ataques às forças afegãs. Em vez de promover um processo de paz inclusivo, os talibãs aproveitaram a retirada americana para conquistar o país pela força. A administração Biden prosseguiu a política de abandono, onde a retirada caótica das forças ocidentais expôs o vazio do acordo: não era paz, era a formalização da........

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