Ensinar como em 1980 não prepara crianças para 2030
As crianças que hoje frequentam o ensino básico e secundário vivem num mundo onde a inteligência artificial já escreve textos, analisa exames médicos, programa software e responde a qualquer pergunta em segundos. Contudo, continuam sentadas em salas com carteiras alinhadas, a copiar apontamentos de um quadro, como se ainda estivéssemos em 1980. Este desfasamento entre a escola e o mundo real não é apenas simbólico, é estrutural. E coloca em risco a preparação de toda uma geração.
Enquanto isso, os filhos da elite global estão a ser preparados para algo diferente. Elon Musk criou a escola Astra Nova, onde não há testes nem disciplinas tradicionais. Sam Altman, CEO da OpenAI, afirma que os seus filhos “nunca serão mais inteligentes do que uma IA”, por isso, ensina-lhes o que ela não pode fazer: questionar, sentir, imaginar. Jeff Bezos e outros investem em modelos educativos centrados na criatividade, adaptabilidade e pensamento independente.
Não se trata apenas de acesso a recursos. Trata-se de visão.
Alguns educam os filhos para fundar empresas. Outros educam para cumprir tarefas.
O retrato português
No ano letivo de 2022/2023, estavam matriculados mais de 1,3 milhões de alunos no ensino básico e secundário em Portugal. O investimento público permitiu reduzir o rácio de alunos por computador ligado à Internet para 1,1, o mais baixo de sempre. Foram também distribuídos equipamentos e manuais digitais através do programa Escola Digital, que beneficiou sobretudo os alunos de contextos socioeconómicos mais vulneráveis.
Apesar destes avanços, a integração pedagógica da inteligência artificial continua marginal. Em 2023, apenas 35 escolas participaram no primeiro........
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