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Chega: recordar e defender a civilização 

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20.06.2025

Há sete anos, uma série de jornalistas e académicos portugueses afirmava, com grande convicção, que o nosso país era imune à fundação e à ascensão eleitoral de um partido abertamente contrário ao multiculturalismo e à imigração em níveis considerados desproporcionais. No entanto, parece que, nos últimos cinco anos, reuniram-se as condições para que um partido com esse perfil obtivesse sucesso nas urnas: o Chega alcançou 22,76% dos votos nas eleições legislativas de 2025, elegendo 60 deputados para a Assembleia da República.

Neste artigo, o meu objetivo não é fazer um diagnóstico dos fatores que levaram o Chega a tornar-se o segundo maior partido português, rompendo decisivamente com o bipartidarismo que há décadas marcava a política nacional. O que me proponho a fazer é esclarecer por que razão este partido, classificado como de “direita radical” ou “extrema-direita”, se orgulha de integrar o grupo de forças políticas cada vez mais influentes na Europa, que afirmam defender uma determinada ideia de civilização contra a desordem e a barbárie.

Esse esclarecimento torna-se, a meu ver, especialmente urgente quando, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, um chefe de Estado declara que “não existem portugueses mais puros do que outros”. Aproveito também para mencionar uma das decisões mais recentes e significativas do partido Chega, tomada com o intuito de remediar os efeitos que considera ser um ataque à civilização ocidental.

No ensaio “The Decivilizing of America”, do professor Victor Davis Hanson, publicado a 12 de maio de 2025 no blog The Blade of Perseus, o historiador militar norte-americano elenca algumas características essenciais de uma civilização: fronteiras seguras e populações estáveis; a criação e manutenção de grandes cidades; um poder judicial “imune a ideologias, vieses, subornos e vinganças pessoais”; a existência de universidades ou centros de investigação e transmissão de conhecimento, responsáveis pelo “avanço das ciências, da medicina, do direito, da política e das humanidades”; meritocracia nas instituições; e a presença de infraestruturas icónicas e funcionais.

Sem nunca omitir o facto de que este ensaio se refere aos Estados Unidos da América (EUA), acredito que o afastamento em relação aos pilares da civilização, denunciado por um dos mais importantes académicos da Universidade de Stanford (e do Instituto Hoover), também é observável em Portugal. Já nem menciono outros países da Europa, como o Reino Unido, a Alemanha, a França ou a Suécia.

Se a administração Biden se comprometeu com a erosão das fronteiras e passou a priorizar imigrantes ilegais — tanto na aplicação da lei como no acesso a serviços públicos —........

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