A Indústria Não Pode Continuar Orfã do Estado
Com a tomada de posse do XXV Governo Constitucional da República Portuguesa, voltamos a deparar-nos com uma ausência gritante e que, infelizmente, já se tornou habitual: a inexistência de um Ministério da Indústria. A última vez que tivemos um ministério dedicado exclusivamente a este setor foi entre 1991 e 1995, com Mira Amaral à frente da tutela da Indústria e Energia. Desde então, a indústria nacional tem sido sistematicamente desvalorizada e colocada numa posição secundária, absorvida por pastas genéricas onde perde protagonismo e foco.
Há quem defenda um ministério forte e interventivo, e há também quem sustente que o Estado deve sair do caminho, rejeitando esta visão “socialista” e centralizadora. Como liberal, partilho da ideia de que, em última análise, o melhor papel do Estado é não interferir, sair da frente. No entanto, a realidade portuguesa exige uma abordagem faseada e pragmática. A elevada carga fiscal que incide sobre as empresas reduz significativamente a sua rentabilidade, limitando a capacidade de reinvestimento e inovação. Por outro lado, os impostos sobre o trabalho tornam os salários líquidos menos competitivos, o que afasta talento e prejudica a produtividade. Neste cenário, não podemos simplesmente cruzar os braços. Precisamos de um Ministério da Indústria que não seja um centro de controlo, mas sim um motor de transição: a sua missão deve ser acelerar a independência da indústria em relação ao Estado, ajudando o setor a atingir a maturidade necessária para prosperar com cada vez menos........
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