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Fugir ou Ficar? Anatomia do Atropelamento e Fuga

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24.04.2025

Os casos de atropelamento e fuga têm sido cada vez mais reportados pelos media e têm motivado a uma intensa preocupação pública e debate moral! Sempre que nos deparamos com uma notícia sobre este tipo de crime tendemos a ficar perplexos e intrigados quanto ao que leva alguém a abandonar outro ser humano ferido à sua própria sorte.

Os acidentes de viação caracterizados por atropelamento e fuga não são uma realidade apenas de hoje, mas devem ser olhados como um problema social grave atendendo a que têm consequências significativas e impactos profundos nos indivíduos, nas suas famílias e na sociedade como um todo exercendo influência negativa na ordem social e evidenciam quebra dos valores morais da sociedade.

Em Portugal as autoridades indicaram que em 2024 ocorreram (registados) 373 atropelamentos seguidos de fuga sem que o condutor prestasse qualquer socorro às vítimas. Sabemos também que este número tem sido crescente desde 2020. Este artigo procura explicar o que ciência sabe sobre as motivações que levam o condutor ao comportamento de fuga. Atenção, explicar os processos mentais que estão na base do comportamento de fuga não é sinónimo de compreender ou aceitar esse comportamento. Muito pelo contrário, percebermos o que está por detrás deste tipo de comportamento pode contribuir para a prevenção deste tipo de crime. Devemos pautar esta situação por dois momentos distintos, na grande maioria das vezes (felizmente) o atropelamento ocorre de forma acidental, ou seja, involuntária, mas o mesmo não podemos dizer do comportamento de fuga que é sempre um comportamento deliberado e voluntário.

O abandono do local do atropelamento surge devido a um dos instintos humanos mais básicos, o instinto de auto-preservação. Esta motivação manifesta-se de três formas........

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