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E depois do adeus, o novo mundo que nos espera

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28.06.2025

Assistimos, entre atónitos, anestesiados ou empolgados, às imagens de uma profunda transformação do mundo, fenómeno por certo dramático, mas que os historiadores vêem no contexto inexorável e cíclico do desenrolar dos tempos. Só que, desta vez, podemos todos assistir online, a cores e ao vivo, através de ágeis media digitais, que são também agentes da revolução em curso.

Tentando fazer de conta que não é connosco, todos os dias ouvimos que estamos a dizer o adeus à paz americana que se seguiu à II Guerra Mundial, um período em que vigoraram normas e instituições que controlaram os instintos bélicos das tribos humanas. Um tempo onde floresceu o livre comércio – que nos últimos anos se tornou global no sentido planetário do termo – levando a Humanidade a produzir níveis impensáveis de riqueza e a limitar a pobreza a uma reduzida parcela da população.

Pois bem, é mesmo a esse mundo criado por Roosevelt, que estamos, neste momento, a dizer adeus e, como acontece nos momentos de viragem, a visibilidade sobre o futuro é limitada ou mesmo inexistente. Nestes momentos de desequilíbrio, a razão perde força e espaço que acabam por ser ocupados pela ansiedade e pelo medo. Não sendo possível ver o futuro, o melhor que podemos fazer é tentar compreender o presente, identificando a mecânica das diferentes peças económicas e sociais.

Afinal, onde estamos? Constanze Stelzenmüller – jurista alemã, e também jornalista e especialista em Relações Internacionais – afirmava em 2021 que o seu País, a Alemanha, apesar de ser a maior potência europeia e a terceira maior do mundo, tinha três dependências capitais: a da energia da Rússia, a do mercado da China e a do poder militar dos Estados Unidos com que a sua soberania contava. Apesar da percepção do enorme sucesso económico e político alemão, para observadores lúcidos como Constanze Stelzenmüller, as peças da máquina alemã funcionavam graças a um determinado quadro........

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