Imigrantes: precisamos da nossa compreensão
Os imigrantes1 são pessoas. Mais: são pessoas humanas2! Isto dá-lhes o direito3 de serem tratadas como tal, com dignidade, justiça e humanidade. Mas poder-se-á levantar a questão: quem é que sofre maior dano, o imigrante que é tratado desumanamente4, ou o local que o trata mal? Sócrates, aquele que foi julgado e injustamente condenado, responde clara e inequivocamente: “É pior cometer uma injustiça5 de que a sofrer, pois quem a comete torna-se injusto, algo que não acontece ao que a sofre.”6
Dito por outras palavras: quem sofre uma injustiça não perde, por isso, a sua humanidade nem, consequentemente, a sua dignidade; mas cometer uma injustiça é um rebaixamento, uma indignidade, que é acompanhada por um dano à humanidade do próprio. Algo a evitar a todo o custo, por quem tem juízo.
O que poderemos então fazer para ajudar os pobres dos nativos, aqueles que sem juízo praticam descriminação cega e injustiça descarada, a desenganarem-se7 de modo que não sofram tamanho dano ontológico, para já não dizer espiritual? A resposta de Franciscus8, o anterior @Pontifex, era clara: devemos acompanhá-los, fazer caminho com eles, tentar perceber o que os move e sermos compreensivos. Mas não nos levará este acompanhamento a uma espécie de emigração para os verdejantes e apetecíveis prados da iniquidade e jingoísmo? E não serão os portões que se abrem para a injustiça largos e os caminhos da xenofobia9 fáceis? (cf. Mt. 7,13)
Parece que, pelo contrário, para se ser verdadeiro amigo de um compatriota nosso, desejar o seu bem, deveríamos tentar........
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