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Diminuir a imigração expandindo a solidariedade

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10.07.2025

Devido a uma rica diversidade1 na sensibilidade2 & compaixão3 para com as carências alheias que têm os membros da nossa sociedade, entre uma doação total afim à de Madre Teresa de Calcutá (1910—1997) de uns e uma solidariedade patrimonialmente mais prudente4 tal como a de Ebenezer Scrooge (fl. séc. 19) praticada por outros, o nosso poder político decidiu, pouco antes de abolir o serviço militar5 obrigatório6, estabelecer o serviço solidário obrigatório, conhecido como Segurança Social (SS) que, financiada com as contribuições dos remediados, tem como função principal garantir a proteção social dos pobres7 de nós.

A solidariedade forçada tem grandes vantagens, mas, na propaganda das forças reacionárias, é apresentada como sofrendo de vários problemas. O mais frequentemente apontado é que induziria muitos cidadãos a se sentirem dessolidários para com a miséria que veem & sentem à sua volta porque, primeiro, assumem que essa pobreza deve ser fake, atendendo a todas as proteções sociais que estão disponíveis e, segundo, porque já deram o que tinham a dar, compelidos e a contragosto, através dos seus impostos & contribuições para a SS.

Como é evidente, este é um não-problema inventado pelos que se opõem por principio à atividade social e económica do estado e querem privatizar tudo, não só a banca, a construção naval e a siderurgia nacional, mas até a SS. Assim, o frequentemente mencionado desinteresse dos jovens em participar direta e pessoalmente em atividades de justiça social deve ser interpretado de forma positiva, e como prova do êxito da ação da SS. É mister que os órgãos de soberania, em especial o governo, publicitem mais a mensagem: “é à SS que compete ajudar os pobres e necessitados e, tal como na saúde, educação e transportes, a iniciativa privada não acrescenta nada ao bem-estar dos mais necessitados, só complica”. Deixai, portanto, os portugueses, individualmente, serem Scrooges pois a SS é a nossa Madre Tereza coletiva!

Outro inconveniente, frequentemente apontado, deriva do facto de a solidariedade ser imposta: o seu valor ético seria nulo quando coagida, e tenderia para o infinito quanto mais voluntária e genuinamente sentida fosse. Mas este é um argumento, de tom bafiento, baseado na antiga visão cristã das coisas, algo que não tem lugar, por um lado, numa sociedade quer se quer laica e, por outro, num estado moderno.

Outro problema, só mais um na longa lista........

© Observador