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Bússola desregulada

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15.02.2025

Quando o país faliu em 2011 a dívida pública andava pelos 114% do PIB, ligeiramente mais do que a que é hoje a da França, que ocupa o terceiro lugar no pódio dos países da UE mais endividados, a seguir à Grécia e à Itália.

Não há qualquer risco, porém, de intervenções. Nem a Itália nem a França podem ser tratadas como o foi Portugal, pela mesmíssima razão de que o cliente de bancos que incumpra em valores modestos tem um problema mas se os valores forem gigantescos quem tem o problema é o banco.

No passado do continente europeu sempre as entidades políticas que vieram a constituir países, com fronteiras que aliás variaram muito ao longo do tempo, combateram umas com as outras. E, quando não combatiam, batiam-se com soluções diferentes para cada país ou região, consoante quem a ocupava e quem a dirigia. Há quem defenda, com bons argumentos, que foi esta diversidade uma justificação da maior importância no relevo e ascendência que este continente veio a ter sobre os outros. À escala de países, o mesmo fenómeno que nas economias de mercado: é a concorrência que mostra ser um dos factores do progresso material.

A salutar lição que as falências de Portugal e da Grécia encerravam foi, felizmente, percebida em Portugal (até mais ver), mas não parece que faltem países onde o eco das desgraças lusas não chegou – nos 27 já há 4 países, além daquele dos queijos e das malas Vuitton, que alegremente nos ultrapassaram em matéria de endividamento. Se há 5 piores do que nós no ranking da vergonha, isso quer dizer que há 21 melhores, e destes 14 estão abaixo dos 60% do PIB que arbitrariamente foram definidos como limite – o campeão é a Estónia, com cerca de 20%. Coitadinhos, era mandar para lá alguns dos nossos socialistas e social-democratas e durante uns anos o Estado Social levaria um grande oupa.

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De endividamento estamos conversados, e de guerras não estamos, mas acreditemos que com tempo a maioria dos países o reduzam, excepto se uma Covid 37 aparecer por aí que forneça uma oportuna desculpa para parar tudo. Onde verdadeiramente a porca torce o rabo é no crescimento económico: a Europa descobriu que o oceano que conta agora é o Pacífico e já não o Atlântico, a Ásia cresce e a América também, tanto antes da pandemia como depois, muito mais do que a economia europeia, a tal ponto que os países do Euro já só representam 15% ou à volta disso do PIB mundial. Dos grandes países europeus a França é um cadinho de perturbações sociais, a Itália ainda não dá indícios seguros........

© Observador