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Quem não tem filhos importa imigrantes. E sarilhos

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02.12.2025

Deixem-me começar por uma confissão: não acredito em imigração planeada, porque não acredito em economia planeada. Por isso só posso estar céptico quando oiço prometer que, acabando com a irresponsável política de “portas abertas” dos governos socialistas, vamos controlar e “planear” a imigração. Ou mesmo que vamos passar a só ter os imigrantes “certos”, aqueles de que a economia precisa, aqueles que as empresas conseguem ir buscar para trabalhar nas estufas ou na construção civil. (Já agora: a sério que são esses os imigrantes “certos”? São eles os que nos ajudarão a aumentar a produtividade da economia, a subir salários, a criar realmente valor acrescentado? Duvido.)

E agora deixem-me acrescentar uma segunda confissão/constatação: vão continuar a chegar a Portugal muitos imigrantes, e não apenas para “contribuírem para o saldo positivo da segurança social”, a ladainha mais ignobilmente egoísta que as nossas esquerdas têm repetido. Vão continuar a chegar porque há cada vez mais sectores da economia onde os portugueses não querem trabalhar, até porque conseguem viver com alguma tranquilidade quando o fazem. Sobretudo vão continuar a chegar porque passa-se em Portugal o mesmo que se passa em toda a Europa: quando se deixa de ter filhos, deixa de haver equilíbrio demográfico; quando há cada mais pessoas mais velhas (e ainda bem), há também dava vez mais necessidade de quem cuide delas, e os netos de hoje já não são, não podem ser, como os netos de ontem.

Mas deixem dar-vos alguns números, só para terem uma ideia daquilo de que estou a falar.

No último ano, 2024, apesar da chegada de mais imigrantes (a população cresceu mais de 100 mil habitantes), o número de jovens com menos de 15 anos diminuiu e o número dos residentes com mais de 65 anos cresceu significativamente (mais 50 mil). Já temos quase dois idosos por cada jovem, quando a proporção devia ser a inversa. Pelo quarto ano consecutivo a idade média do nascimento do primeiro filho situou-se acima........

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