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O que as elites não perceberam sobre imigração

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30.09.2025

Em 1968 estavam a entrar anualmente no Reino Unido 50 mil imigrantes – nos últimos anos estima-se que estejam a entrar 750 mil.

Em 1968 um político conservador, professor de estudos clássicos, fez um discurso em que alertava para os riscos de uma imigração crescente e onde, olhando para o futuro do país e recorrendo a uma frase da Eneida, o poema clássico de Virgílio, disse que lhe parecia ver “do sangue o Tibre inchado a espumar” [o Tibre é o rio que passa por Roma]. O discurso ficou conhecido como o dos “rios de sangue”, provocou a queda política do seu autor, Enoch Powell, e na prática bloqueou qualquer discussão séria sobre a entrada de estrangeiros no Reino Unido durante décadas.

Mas a sombra de Powell não desapareceu por completo. Aqui há uns meses, em Maio, o actual primeiro-ministro, um trabalhista, usou a expressão “ilha de estranhos” num discurso sobre imigração e teve de passar dias a explicar-se mesmo sabendo-se que, hoje por hoje e de acordo com o Censo de 2021, apenas 45% dos habitantes de Londres se identificam como “britânicos brancos”, sendo que 41% da sua população nasceu mesmo fora do Reino Unido.

No final da semana passada, num artigo no Telegraph, esse mesmo primeiro-ministro, Keir Starmer, iria porventura mais longe escrevendo que “a esquerda ignorou os receios causados pela imigração durante demasiado tempo” e era necessário reconhecer que isso tinha sido errado. Starmer, que discursará esta semana na conferência anual do seu partido, talvez não chegue a tempo de reparar os danos políticos causados por esta cegueira voluntária: uma sondagem publicada este fim-de-semana indica que ele é o primeiro-ministro mais impopular de sempre (apenas 13% dos eleitores têm opinião positiva), ao mesmo tempo que um........

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