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Não digam depois que não sabiam nem foram avisados

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16.09.2025

Aconteceu e adivinhava-se que podia acontecer, mesmo que não se quisesse acreditar. O Chega apareceu a semana passada pela primeira vez à frente numa sondagem. A amostra era pequena, a margem para o PSD mínima, mas há sempre uma primeira vez e a primeira vez já aconteceu. E aconteceu onde durante anos e anos se disse que nunca poderia acontecer, este nosso querido Portugal. E aconteceu neste mesmo tempo em que o partido de Nigel Farage, o Reform, lidera as sondagens no Reino Unido, aí com enorme vantagem. O mesmo se passa com a União Nacional de Marine Le Pen em França. Na Alemanha também já aconteceu a AfD ultrapassar em estudos de opinião os cristãos-democratas que lideram o Governo. E em Itália Giorgia Meloni é primeira-ministra e não tem sofrido desgaste político.

Podia continuar mas acho que não vale a pena: para onde quer que olhemos o panorama político é semelhante, os partidos tradicionais estão em dificuldades, para usar uma expressão clássica, “o centro não está a aguentar”.

Há muitas razões para isso estar a acontecer, porventura a mais importante de todas é a insatisfação com a forma como as elites tradicionais se têm mostrado incapazes de corresponder às expectativas que elas mesmo criaram, ou por estarem a presidir ao que uma parte crescente do eleitorado percebe como sendo um período de crise e decadência relativa. Um período sem fim à vista. Mas mesmo que possamos convergir nesta leitura, há pelo menos outro ponto em que deveríamos estar de acordo: não é possível continuar a olhar de forma ora displicente, ora arrogante, ora falsamente piedosa para as inquietações dos milhões de eleitores que têm vindo a engrossar as fileiras deste tipo de partidos, partidos que também estão longe de ter uma linha política clara e coerente. Ou, por outras palavras, talvez seja tempo de acabar com a sobranceria e a cegueira voluntária.

Infelizmente estes últimos dias deram-nos mais alguns exemplos de como essa atitude das elites políticas e dos órgãos de informação tradicionais não parece querer mudar. Deixem-me dar-vos três exemplos.

O primeiro é o da manifestação que juntou em Londres, este sábado, uma multidão como nunca tinha sido vista em eventos convocados pela direita radical. Não sei quantas pessoas estiveram presentes, mas pelas imagens aéreas que pude ver no site de um dos jornais britânicos mais à........

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