A Nau Catrineta e o gajeiro da Barca Bela
Recentemente, muitos tem sido os amigos que me têm abordado sobre qual o candidato em que vou votar nas próximas eleições presidenciais. Qual não tem sido o meu espanto quando percebo que a maioria se prepara, ou está inclinada para votar no aspirante que jocosamente tratam por Capitão Iglo, ou seja, no Almirante Gouveia e Meio. Geralmente, retruco-lhes perguntando se não estão ainda fartos do sistema político pegado de estaca por militares há mais de 50 anos e do lindo serviço que fizeram em garantir que nos mantivéssemos na cauda da Europa. Pelos vistos ou persistem em negar a realidade da miséria quotidiana desta Nau Catrineta ou fecham os olhos até que venha um qualquer messias que lhes anuncie terra à vista; mesmo que seja cego.
O Estado Novo durou 41 anos de 1933 a 1974, o salazarismo propriamente dito 36 anos, de 1932 a 1968, e continua a ser acusado por tudo o que de mau aconteceu e acontece neste país, desde a proibição de beber Coca-Cola a não ter permitido o acesso a telemóveis, até à Justa Nobre não ter podido usar minissaia. Mas o sistema político de Abril já dura há mais de 51 anos. Em 28 de Setembro de 1974 proibiram-se uns partidecos que tiveram o desplante de se opor à forma desbragada e criminosa como a descolonização se preparava e, em 11 de Março de 1975, lá foram para o caixote do lixo mais uns quantos. As prisões encheram-se com gente que «voluntariamente» quis fazer uma catarse libertadora, revivendo o que os oposicionistas do passado haviam vivido. A deriva «espiritual» teve tal sucesso que os «vouchers» para os........
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