Os velhos não se atiram fora!
O envelhecimento da população deixou de ser apenas uma estatística para se tornar num dos maiores desafios sociais do nosso tempo. A esperança de vida cresce, mas o número de nascimentos decresce, e este desfasamento cria um desequilíbrio estrutural profundo. Vivemos mais, mas vivemos mais velhos e em piores condições, e o peso desta realidade recai inevitavelmente sobre a forma como cuidamos daqueles que já nos cuidaram.
E aqui entra a questão: a ausência de cuidados prestados pelas famílias. Não falo apenas de apoio material ou financeiro, mas do essencial — a presença, a escuta, o carinho, o acompanhamento. Muitos idosos, mesmo cercados de pessoas, vivem em solidão. A sociedade que conheço centra-se na produtividade, no imediato e no hedonismo e “arruma” os mais velhos como um fardo, entregando-os ao esquecimento, como se fossem um mal a transportar. Esse esquecimento é, no fundo, um abandono disfarçado.
O abandono dos idosos é um caso sério. Mais do que a falta de tempo ou de recursos, ele denuncia a falta de empatia, de........
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