Trump e a guerra na Ucrânia. Será só isto?
Escrevi o texto que se segue há 10 anos, na sequência da invasão da Crimeia pela Rússia e coloco-o aqui porque envelheceu bem e contém uma lição.
“Desde 1940 que a política americana na Europa é essencialmente determinada pelo conceito geopolítico de evitar que um único poder controle a Eurásia.
Se a URSS (ou a Alemanha nazi) conseguisse a hegemonia sobre os centros industriais do duplo continente, os EUA seriam forçados a alterar o seu sistema político e económico de modo a poderem sobreviver numa competição global.
A OTAN nasceu para a fazer face à ameaça soviética e, para os europeus, o manto protector que a Aliança sobre eles estendeu durante 4 décadas foi determinante para a manutenção da paz e para a criação de condições de progresso e bem-estar.
Com a derrocada soviética uma hegemonia única sobre a Eurásia era improvável e a OTAN parecia condenada a estiolar, vítima do seu próprio sucesso.
Mas os novos países saídos do Pacto de Varsóvia batiam à porta com a intenção de fugir à esfera de influência do vizinho russo, que continuavam (e continuam) a ver como a verdadeira ameaça.
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A Rússia parece refém do Testamento de Pedro “o Grande” e já em 1992 a sua nova estratégia definia interesses globais, e recusava intervenções externas no “estrangeiro próximo”, territórios não incluídos na Rússia mas que haviam integrado a URSS e eram parte de sua reclamada “esfera de influência”
O alargamento da OTAN foi-se fazendo a passo de caracol, abrindo caminho entre o medo e a sageza.
Mas para a liderança russa o alargamento da OTAN representou o renovar do complexo de cerco e a incapacidade para voltar a ser uma superpotência.
Em 1995 Ieltsin queixava-se que “o Ocidente pretende defender a Europa de Leste das negras intenções de Moscovo” que, segunde ele, “não existem”. Poucos acreditaram nele e a nomeação de Putin como seu sucessor validou essa atitude.
Apesar disso, muitos (como........
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