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Morrer com compostura para não “exacerbar o ódio”

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03.06.2025

Há dias, um amigo, desses que confundem guerra com uma oração de Taizé e acreditam que “posicionamento” é sinónimo de beatitude progressista, repetia a cassete que se ouve em Bruxelas, em Lisboa, na ONU e nos corredores assépticos de qualquer organismo internacional onde a realidade não passa de um rumor incómodo: que a ofensiva israelita em Gaza passa das marcas e “exacerba o ódio”.

Sánchez diz o mesmo, de dedo em riste e ar de seminarista em crise existencial. Mariana Mortágua não fica atrás, com o seu marxismo de pandeireta e o entusiasmo infantil por causas que nunca lhe exigirão mais do que o ligeiro estremecimento de um preguiçoso neurónio. Paulo Rangel, claro, acorda palestinianista de vez em quando, depois de noites particularmente longa aos ziguezags do regresso a casa, ou de uma leitura emocional do New York Times. Todos eles se juntam na santa cruzada do relativismo ilustrado, onde tudo se compreende e aceira menos o direito de Israel a não ser exterminado.

É uma espécie de doença crónica do espírito: a convicção, comum entre diplomatas, académicos e jornalistas de certas redacções, de que a guerra é um debate de café. Um mal-entendido geopolítico que se resolve com uma cimeira, um gesto simbólico ou, nos casos mais avançados, com um artigo de opinião no na Al Jazeera. Para essa gente, o Hamas é um problema de semântica, e não de metralhadoras, mísseis, túneis e decapitações. Basta ser bondoso e deitar-se no chão, dizem, e os jihadistas transformam-se em moderados como que por milagre.

Na cabeça de certas elites ocidentais, onde, sem um pingo de vergonha, cabe o dinheiro do Qatar e toda a estupidez do mundo, os judeus devem morrer com elegância. Não podem defender-se demasiado,........

© Observador