Melómanos, atenção: Marvão, mágica em ré maior
No topo de um monte nos confins alentejanos da região de Portalegre emergem as sólidas muralhas de Marvão, em cujo interior está uma povoação com castelo. Ali habitam permanentemente cerca de 100 pessoas. Em Julho/Agosto, e durante dez dias seguidos habita ali também a suprema arte da música, e os felizardos que conseguem bilhetes para os 31 concertos.
Tudo está imaculado, limpo, pintado, escovado, sobram poucas casas por restaurar. Foi conquista no século XII do nosso Rei Fundador D. Afonso Henriques, sucessivamente reconquistada aos mouros, pelo menos três vezes, até ficar definitivamente parte de Portugal com D. Sancho II.
E foi reconquistada no século XXI pelo Festival Internacional de Música de Marvão.
Quem diria que, faz agora 11 anos, um alemão de seu nome Christoph Poppen, vindo de mui longínquas terras, se iria apaixonar e reconquistar Marvão? Com um abanão quase esotérico, não perdeu tempo, comprou lá uma casa e deu visibilidade internacional àqueles confins, ligando a beleza poética, majestosa e imponente do lugar à monumentalidade da harmonia musical mais penetrante.
Christoph Poppen, supremo na arte do violino, tem uma carreira brilhante. Foi diretor artístico e maestro principal da Orquestra de Câmara de Munique (1995–2006), diretor musical da Deutsche Radio Philharmonie Saarbrücken Kaiserslautern, é maestro principal da Orquestra de Câmara de Colónia desde 2013 e diretor musical da Hong Kong Sinfonietta. Está casado com uma diva, Juliane Banse, soprano lírica de grande talento tanto no lied quanto na ópera.
O Festival internacional de Música (clássica) de Marvão, deu os seus primeiros passos em 2014. Num êxito crescente, Poppen acolheu patronos de várias nacionalidades, que apoiam com entusiasmo e com os seus dinheiros particulares este Projecto de sucesso. A excepcional qualidade do que o Festival de Marvão oferece aos melómanos mobiliza o apoio financeiro de dezenas de estrangeiros, e uns tantos (poucos) patronos nacionais.
Entre os “corporativos” portugueses, destaca-se o entusiasmo de José Pena Amaral e de Artur Santos Silva no apoio ao Festival no comando das cofres do BPI/Fundação La Caixa.
Entre os estranjeiros o mecenas principal, com montantes igualmente substanciais, sublinha-se a Anja Fichte Stiftung, uma Fundação privada alemã e sem fins lucrativos, criada em 2010........
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