Antes a morte que tal sorte
Os meus amigos mais próximos sabem o asco que tenho a “ciências” sociais, e não raras vezes brincam comigo sobre isso. Aquilo a que se chama ciências sociais não é ciência. É especulação sobre fenómenos sociais. Ciência tem método, teoria lógica, reprodutibilidade e capacidade de ser negada usando as mesmas ferramentas que são, repito, método, lógica, reprodutibilidade e capacidade de ser negada. Tudo o que não se encaixe aqui é especulação, não tem valor científico e, por isso, não tem valor social e económico.
Não significa isto que não se faça ciência sobre temas sociais, até se faz bastante. Não é o objeto de estudo que está em causa, mas os truques intelectuais para se fugir à lógica, ao método, à reprodutibilidade e, em última análise, à possibilidade de negação quando, na verdade, não há nada para ser negado. Isto nas últimas décadas foi sendo empacotado como conhecimento com o mesmo valor que o conhecimento verdadeiro, foi sendo financiado com o dinheiro dos nossos impostos, e foram criados cursos inteiros para treinar os nossos filhos em tais temas.
Nos resultados mais conhecidos de tal “ciência” podemos encontrar as “Epistemologias do Sul” que procuram uma epistemologia que foge à ditadura da ciência do Norte, subjugada que está aos ditames do capitalismo, colonialismo e patriarcado; as Teorias de Género, que defendem a institucionalização de supremacia do comportamento sobre a biologia, no sentido em que o que deve definir o nosso género não é o sexo, mas a forma como gostamos de o praticar; e, mais conhecida nos Estados Unidos, a Teoria Crítica da Raça, que diz que o racismo está entranhado nas instituições e nas leis, e deve haver leis a compensar. Temos ainda resultados mais modestos e singelos como o “Feminismo Pós-Bélico do Índico” (o meu preferido há muitos anos).
A minha embirração com este tipo de trambiquismo intelectualóide baseia-se no lado não-cómico de tudo isto. E o lado não-cómico costumava ser, pelo menos para nós neste lado do Atlântico, simplesmente económico. Do ponto de........
© Observador
