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Adeus, até ao teu regresso

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24.06.2025

A política não faz sentido sem partidos. Mas há partidos que deixam de fazer sentido para nós. E quando as razões para pertencermos a um partido parecem desaparecer, é nosso dever sair. Por isso, para me despedir do Partido Social Democrata, decidi escrever este texto depois de entregar o cartão de militante na Sede Nacional.

Ronald Reagan dizia que não tinha sido ele a deixar o Partido Democrata, mas sim que tinha sido o Partido Democrata que o tinha deixado a ele. Não me posso queixar de ter sido surpreendido por este desfecho, como Reagan, porque o partido não mudou muito desde que me juntei. Posso queixar-me mais de ter entrado num partido esperando que ele voltasse a ser o que já só sobra nos livros de História. Em parte, porque as motivações da minha filiação foram mais emotivas do que racionais. O meu avô foi eleito do PPD/PSD nas primeiras autárquicas realizadas em Cascais e é o partido em que a maioria da minha família sempre votou. Antes sequer de me posicionar politicamente, já era o meu partido. Logo com 14 anos enviei o primeiro pedido de adesão à JSD, que deve ter ficado guardado nalguma gaveta eletrónica. Era já um sinal de um partido que funciona como grupo restrito, em que as pessoas precisam de ser indicadas por alguém de confiança e não têm uma oportunidade se não se enquadrarem numa “lógica” ou num “projeto”. Nesta lógica, valemos por quem conhecemos e pela ordem de chegada, mais do que pela vontade de servir a nossa comunidade. Não sabia, mas já estava a contactar com os problemas que levam a esta saída.

Quando finalmente aderi ao partido, com 21 anos, já tinha menos ilusões. Tinha participado, com 19 anos, numa campanha autárquica de um grupo de cidadãos independentes apoiado por pequenos partidos em Cascais, contra um PSD hegemónico no poder. Senti a falta de cultura democrática que ainda caracteriza a nossa política local e nacional. No entanto,........

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