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O 25 de Abril passou — e Trump não esperou

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01.05.2025

Enquanto Portugal cumpre mais um ritual anual, revisitando até à exaustão as suas nostalgias de Abril, talvez fosse boa ideia lembrar que o mundo real não espera por nós. Esta semana trouxe-nos duas despedidas simbólicas, bastante mais relevantes para o futuro próximo do que discursos já gastos ou cravos na lapela: a morte do Papa Francisco e a saída de Klaus Schwab da liderança do Fórum Económico Mundial. Duas figuras radicalmente distintas, cada uma delas reveladora das fraturas do nosso tempo.

Sobre Francisco, muito se disse — do elogio apaixonado à crítica demolidora. Não é difícil perceber porquê: o seu pontificado foi, acima de tudo, desconcertante. Tratou com brusquidão os tradicionalistas da Igreja, abdicou ostensivamente de símbolos e adornos históricos que representavam muito mais do que formalidades, sendo pilares reais de unidade e continuidade histórica. Agravou a situação com um acordo obscuro com o Partido Comunista Chinês, cuja lógica profunda continua um mistério, e que muito provavelmente ficará registado como um dos grandes erros estratégicos do Vaticano. E ainda assim, mesmo os seus críticos mais exigentes têm de reconhecer o essencial: Francisco regressou continuamente ao núcleo mais radical e exigente da fé cristã — o amor absoluto a Cristo. É isto, no final, que fica e que importa recordar.

Klaus Schwab representa outra despedida, muito diferente, mas igualmente simbólica. Schwab protagonizou durante décadas uma visão globalista criada em Davos e........

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