Não é sobre tarifas. É sobre o fim da ordem.
As tarifas anunciadas por POTUS dominam a imprensa global — e com razão, mas a verdadeira questão é outra. Têm impacto real nos mercados, nos fluxos comerciais e nas cadeias de valor. Mas o ruído em torno destas medidas está a obscurecer o essencial: não estamos perante uma exceção ou capricho político. Estamos perante sinais claros de uma rutura sistémica. Há forças estruturais, mais vastas e mais determinantes, que explicam esta realidade. São elas que devemos observar com atenção, porque definem o novo ciclo económico e político global em curso.
A atual arquitetura monetária global está alicerçada num desequilíbrio insustentável: os EUA consomem acima das suas possibilidades e financiam esse consumo com dívida. A China, por sua vez, acumula essa dívida e mantém, assim, a sua máquina exportadora a funcionar. Este arranjinho, que durante décadas sustentou a globalização, está em erosão. O clima de desconfiança entre potências rivais, a urgência de reindustrialização americana e a necessidade estratégica de autossuficiência a estão a desmontar este modelo. A dívida pública norte-americana está em máximos históricos e continua a crescer a um ritmo preocupante. Recomendo a leitura do excelente © Observador
