Batalha pela independência: Atoleiros, 6 de Abril
Não eram um grande exército, os 300 cavaleiros e os 100 besteiros, mais um milhar de peões. E também não eram muito experimentados na guerra. Mas era o que havia e o novo fronteiro que trouxera aquela hoste de Lisboa não teve dúvidas em, mesmo assim, dar batalha aos invasores.
Os castelhanos eram aí uns mil cavaleiros, mais uns 4000 infantes. E os chefes eram Sancho de Tovar, Juan Alonso de Guzmán, o mestre de Alcântara, e o próprio irmão mais velho do Condestável português – Pedro Álvares Pereira, mestre do Hospital. Os manos mais velhos do novo fronteiro andavam com Castela e não deixavam de mandar tentadores convites a Nuno para que se passasse para o lado correcto, o do direito internacional dinástico, que seria muito bem recebido e recompensado. E isso criara até, para fúria do Condestável, alguma suspeição entre os portugueses sobre a sua lealdade. Eram outros tempos, ainda não tinha raiado a luz do progresso, da razão e da democracia sobre aquela proto-populista “idade das trevas” onde, na percepção dos comuns, os de cima punham os interesses próprios e os da família à frente do bem público; por isso todos estranhavam que Nun’Álvares não integrasse a que parecia, à partida, a facção vencedora.
Os castelhanos preparavam-se para cercar Fronteira, que tomara o partido do mestre de Avis. O Condestável escolheu uma posição vantajosa, próxima da vila. Ali mandou apear a cavalaria e organizou um dispositivo militar, com as lanças e besteiros fechando o quadrado. Teria conhecimento das batalhas em que, nesse mesmo século XIV, os infantes apeados tinham vencido a cavalaria feudal? Havia algumas, como Courtrai (11 de Julho de 1302), em que os plebeus flamengos tinham derrotado os cavaleiros franceses de Filipe, o Belo; e doze anos depois, em 24 de Junho de 1314, os cavaleiros ingleses em Bannockburn tinham sido vencidos pelos lanceiros escoceses apeados de Robert Bruce; no ano seguinte,........
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