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Imigração sem preconceitos

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27.06.2025

Se há um tema que dificilmente podemos abordar sem suscitar reacções intensas — tanto de aprovação como de reprovação — é o da imigração proveniente do terceiro e quarto mundo para os países ocidentais. À esquerda, qualquer pessoa que se atreva a falar sobre o assunto é imediatamente vista como um potencial herdeiro de Mussolini ou Hitler, pronto a calçar botas de couro e a marchar a passo de ganso pela Avenida da Liberdade enquanto entoa uma canção sobre uma flor chamada “Erika”.

Do lado do centro-direita, o receio de ser rotulado de “fascista” pelos guardiões da revolução vermelha é tal que muitos preferem ignorar o tema por completo, ou então deixá-lo nas mãos de outros. A direita conservadora adopta, em grande medida, a mesma postura. Já a direita radical e a extrema-direita, quando têm a coragem de enfrentar a questão, fazem-no frequentemente através de simplificações grosseiras que, infelizmente, acabam por desvalorizar a substância da mensagem. Compreendo que o tema nos possa tocar, mas é demasiado importante para ser tratado com o “coração” em detrimento da “razão”.

Tratar este tema com o coração, e não com a razão, é precisamente o que faz a esquerda, preferindo recorrer ao que os gregos chamavam de pathos. O pathos é uma técnica retórica usada para apelar aos sentimentos mais primários das massas: o ódio, a inveja, a vingança, a compaixão, a pena. Neste caso, a esquerda pretende provocar nas massas ocidentais o sentimento de pena e compaixão. Por outro lado, tal como disse mais acima, também não considero adequada a forma como certos sectores da direita mais “dura” costumam abordar a questão da imigração. Focam-se em casos pontuais, quando deveriam analisar o fenómeno de forma mais ampla, utilizando também o pathos. Que um árabe tenha esfaqueado um ocidental, algures numa cidade europeia, é sem dúvida grave. Mas também há ocidentais — bem brancos — que esfaqueiam outros ocidentais. Que haja um indiano em Beja a receber 800€ da Segurança Social sem trabalhar é, de facto, vergonhoso. Mas na minha aldeia conheço um português, tuga de gema, que foi para França trabalhar dois ou três anos, já com problemas de saúde, apenas para conseguir uma pensão de invalidez. Hoje, passa os dias no café a criticar os franceses por não lhe darem mais dinheiro.

Esta abordagem, centrada em casos isolados, pode render dividendos eleitorais a curto prazo — mas não sustenta uma estratégia séria a longo prazo. A abordagem correcta exige que se olhem os dados de frente: o que dizem as estatísticas? Quantos imigrantes? De que origem? Qual a percentagem? Que peso têm determinadas comunidades na incidência de crimes? E por aí fora.

A esquerda recusa-se a encarar a realidade: as populações nativas do Ocidente já não desejam mais imigração extra-europeia. Sentem, no seu quotidiano, os efeitos dessa realidade. Vejamos o que aconteceu em Paris após a vitória do PSG. Quem eram os autores dos motins? Franceses de raiz? Ou imigrantes e filhos de imigrantes? E o que se tem passado em Los Angeles? Os recentes protestos anti-ICE, nos quais vimos carros incendiados, agentes da autoridade atacados e exigências para a abolição do ICE (a agência federal americana de controlo da imigração), não serão o sintoma de uma crise civilizacional (e migratória) muito mais profunda? Durante a administração Obama, mais de três milhões de imigrantes ilegais foram expulsos (fonte) sem que os meios de comunicação, a esquerda americana e os intelectuais americanos digam algo, mas os........

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