A Spinumviva e a imprensa
Pelo que percebo, há uma grande parte da imprensa que está muito espantada pelo facto da Spinumviva não parecer ter grande efeito nas intenções de voto das próximas eleições.
A explicação mais frequente para este desfasamento entre a opinião publicada e o senso comum é o de que as pessoas comuns são eticamente menos exigentes que a opinião publicada, numa clássica demonstração da diferença entre bom senso e senso comum.
Recorro, como faço frequentemente, a Descartes para me obrigar a olhar para o assunto sem ser a partir da superioridade moral.
“O bom senso é a coisa que, no mundo, está mais bem distribuída: de facto, cada um pensa estar tão bem provido dele, que até mesmo aqueles que são os mais difíceis de contentar em todas as outras coisas não têm de forma nenhuma o costume de desejarem mais do que o que têm. E nisto, não é verosímil que todos se enganem; mas antes, isso testemunha que o poder de bem julgar, e de distinguir o verdadeiro do falso que é aquilo a que se chama o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; da mesma forma que a diversidade das nossas opiniões não provém do facto de uns serem mais razoáveis do que outros, mas unicamente do facto de nós conduzirmos os nossos pensamentos por vias diversas, e de não considerarmos as mesmas coisas”.
Tanto quanto entendo, boa parte da imprensa não percebe mesmo como é possível alguém achar normal e saudável que Montenegro recebesse de clientes antes de ser primeiro-ministro e continuasse a receber depois, através da Spinumviva, que era dele, criada por ele e com clientes dele.
A sensação que tenho é a de que a distinção entre uma empresa e os seus donos não é uma........
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